terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Entrando no Campo da Investigação Psicogeográfica

Mapa psicogeográfico feito por  uma ciclista - fonte: bicicultural.com
     












É só falar em infância que nos vem a memória saudosas recordações; a casa da vovó, a pracinha da esquina onde jogávamos bola com os amigos, a escola etc. Ou uma vida dura, árdua de quem ainda criança teve que trabalhar, ou recebeu maus tratos e falta de amor. Ao interagir com o meio ambiente e a sociedade em que vivemos, vamos construindo imagens mentais carregadas de sentimentos e emoções que montam em nosso cérebro mapas mentais.

 Numa manhã em que estava com disposição extra, chamei um amigo para corremos na orla da praia do Recreio dos Bandeirantes. Ele disse que iria, senão fosse na orla, pois ele sofreu um assalto por lá. Vale aqui dizer que esse fato ocorreu há três anos!! Mas o cérebro dele mapeou aquele lugar como perigoso e ameaçador. Segundo especialistas em neurociências, o cérebro não é muito bom em distinguir o real do que é ilusório. Ele tende a produzir no corpo as mesmas reações em ambos os casos. Infelizmente, a mídia está cheia de disseminadores de boatos, potenciais construtores de lugares perigosos e inimigos. O estudo no campo psicogeográfico tem por objetivo analisar como os fenômenos que ocorrem no meio geográfico, conscientemente planejados ou não, agem sobre o comportamento afetivo das pessoas.



Em charge sobre goleada alemã, jogador brasileiro vende armas e cocaína. fonte: Veja São Paulo.

    










Você se lembrar dessa charge "Triunfo e tragédia" criada pelo artista alemão Arno Funke que rodou o mundo através das mídias? A impressão que passa, é um Brasil que apesar de ter belas paisagens naturais, é cheio de traficantes de armas e drogas, pivetes, assaltantes e prostitutas. Será enganosa a visão do artista? Nós brasileiros sabemos que não.

O tráfico de drogas e armas não é algo exclusivo do Brasil, existe em todo o mundo. Segundo o professor doutor do departamento de História da Universidade de São Paulo, Osvaldo Coggiola, a Colômbia detém o controle da maior parte do tráfico internacional de drogas (a pequena parte restante é dividida entre a máfia siciliana e a Yakuza japonesa); De acordo com a ONG americana Social Progress Imperative, os três países a encabeçar o ranking dos países inseguros são Iraque, Nigéria e Venezuela. O Brasil aparece em 11° colocado (Ranking dos países inseguros); é estimado que a Tailândia receba 15 milhões de estrangeiros a cada ano, três vezes mais que o Brasil. Consoante a matéria publicada pela jornalista Natália Becattini, Seis a cada dez turistas são homens, muitos deles em busca de sexo fácil e barato tanto nas praias quanto na capital, Bangkok. Ao analisar os fatos, nos vem a cabeça algumas perguntas: que imagem psicogeográfica o artista alemão quis construir com essa charge? E por quê? afinal de contas, já perdemos a ingenuidade de achar que a arte é apolítica. Será por causa do grande destaque do Brasil na mídia internacional atualmente? e por que destacar pontos negativos, justamente nesse momento histórico, ao invés de por em relevância toda a nossa abundante riqueza cultural e ambiental?

Esse campo de pesquisa é muito vasto e promissor. Vale a pena ler o artigo publicado pelo Doutor em Geologia Toni T. Eerola que fez pesquisa de campo sobre o uso da psicogeografia no ensino de geociências no espaço construído. E ler também o artigo do advogado criminalista Felipe Lazzari da Silveira sobre a cultura do medo e sua contribuição para a proliferação da criminalidade.





























2 comentários:

  1. Parabéns pelo rico material de análise, pesquisa e informação sobre uma realidade a respeito do posicionamento exterior, com relação ao nosso povo. Rico e interessante material para aprofundamento em assuntos, que diz respeito a uma realidade, que nos envolve profundamente ao longo das nossas vidas. Parabéns!

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    1. Olá,
      obrigado pela visita. O objetivo do blog é este mesmo. Questionar os fatos da vida tendo a ciência geográfica como aliada nessa empreitada. Fique a vontade para discordar, colaborar com ideias, artigos e sugerir assuntos que gostaria de ver sendo discutido aqui nessa perspectiva. Abraço!

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