quinta-feira, 14 de abril de 2016

Geografia da População Parte lll

           Em nossas postagens anteriores vimos o que é população para a Geografia e como essa temática foi-se transformando em um discurso que interessa diversas esferas da sociedade, como religião, filosofia, Estado, entre outros.

Hoje iremos falar sobre a população e os tempos modernos. 

A modernidade e o surgimento do homem estatístico

        A discussão sobre população assumiu maior relevância no século XVIII, tendo como foco os aspectos voltados para a relação entre crescimento populacional e os meios de subsistência disponíveis. Nessa direção, a natureza é vista como o "estoque de recursos"e o homem, separado dessa natureza, é um "objeto" que pode ser quantificado, transformado em números estatísticos que servem à produção e ao consumo.

Interferência do homem na natureza. Fonte:http://lh6.ggpht.com/-oA5WTxE0sRw/UNzjcoLT3mI/AAAAAAAAbcw/vdsqfr1l-VE/homem%252520ao%252520mundo_thumb.jpg?imgmax=800
      
       Na visão de Rui Moreira, geógrafo brasileiro, "o homem e a natureza foram jogados numa mesma sorte"(MOREIRA, 2006, p.77), ou seja, passaram a ser "objetos" que podem ser controlados, medidos, quantificados e aprendidos por discursos e teorias que ajudam a construir visões de mundo sobre o que é o homem e a natureza, e como eles são importantes para atingir determinados fins sociais, econômicos e políticos. Nessa direção, como a Geografia adentra nesse novo panorama? O que vem a ser esse "homem estatístico"? Vejamos como ele surge e qual o seu papel nos tempos modernos.

        O "homem estatístico" emerge nos processos migratórios, na sua distribuição pela superfícies terrestre, na composição por idade e por sexo, nas definições dos critérios para entra no mercado de trabalho.

       Pense que essa disciplina pode ser considerada uma prova real da existência desse "homem". E mais, veremos que para além dos dados estatísticos, há todo um esforço de projetar o comportamento humano quanto às condições de reprodução da população. Assim, compreenderemos que há um conjunto de teorias que diagnosticam, projetam e induzem as ações das pessoas de modo a buscar o controle eficaz dos processos que envolvem a produção material e a reprodução da espécie humana.

       A modernidade herda dos clássicos greco-romanos a concepção aristotélica do homem político e do animal que fala e discursa. Isto é, o homem que se distingue dos animais por nascer dotado do poder da razão. O Renascimento altera e introduz um conceito novo, derivado por decorrência do conceito de natureza como coisa física, então criado. O homem desnaturaliza-se junto ao nascimento do conceito da natureza como parte da constituição físico – matemática do mundo. O homem não só é tirado do plano da natureza, em que até então se encontrava como animal racional, como é jogado num terreno que o afeiçoa ao mundo de tecnologia e da fábrica, cujo advento se avizinha. Com a Revolução Industrial e o surgimento fábrica, instaura-se a mecanização do trabalho e cria - se o homem – trabalhador, visto no modelo da moderna indústria como homem – máquina (MOREIRA, 2006). 

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 Meio técnico-científico-informacional. Fonte:http://fronteiras.igeo.ufrj.br/sig/img/wiki_up//alavanca_ideiasx.gif

       Com a Revolução Industrial e o surgimento da fabrica, instaura-se a mecanização do trabalho e cria-se o homem-trabalhador, visto como parte dessa engrenagem. Como o modelo funcional da moderna indústria será pedido de empréstimo ao corpo, primeiro o corpo inorgânico dos materiais e depois o corpo orgânico do homem, este passa, também, a ser visto como uma engenhosa máquina. Nesse naturalismo modernista, que expulsa o homem da natureza para inseri-lo no mundo mecânico da industria, o homem apenas difere da natureza porque, com o corpo, nele está presente o espírito.

      Podemos perceber que a modernidade se configura como um campo de força em que as ideias desenvolvidas em tempos anteriores vão sendo postas em contato umas com as outras, produzindo-se diálogos e novos significados em relação às noções de homem e de natureza. Perceba que às ideias de um homem racional, político, religioso e espiritual legadas pela Antiguidade e Renascimento, acrescentam-se outras capazes de modificar as noções anteriores. Dessa perspectiva, as noções vigentes são ampliadas e o homem passa a ser visto como um ser livre e autônomo que age e transforma o que existe no seu entorno em produtos para atender os novos desejos que são forjados em uma sociedade de consumo. Você pode estar se perguntando: o que há de novo nisso, se considerarmos que o homem sempre teve a capacidade de transformar e de criar os meios para produzir os recursos necessários à sua sobrevivência? Tal questionamento/afirmação tem razão em partes. Porém, na formulação não há a percepção da intensidade do processo e das implicações que se apresentam e que se configuram em termos espaciais, econômicos, políticos e culturais, a partir da Modernidade e da Revolução Industrial.

fonte:https://jornaldoporao.files.wordpress.com/1944/11/charge-gerdauuuuu.jpg

     De modo geral e emblemático, podemos tomar como símbolo da Modernidade a Revolução Industrial. Por meio dela, podemos compreender como o homem se transforma em máquina, força de trabalho, fator de produção, consumidor, população, conforme nos sugere Rui Moreira.

 Não se trata, apenas, do crescimento da atividade fabril. A Revolução Industrial é um fenômeno muito mais amplo, constitui uma autêntica revolução social que se manifesta por transformações profundas da estrutura institucional, cultural, política e social. E que do ponto de vista econômico, tem suas características fundamentais no desenvolvimento e utilização de um tipo de bens que produz outros bens, e, de modo geral, no incremento e emprego da técnica, ou seja, na aplicação dos princípios científicos e nas atividades econômicas. [ Eis, porque, dentro dessa concepção ampla], a industrialização está intimamente associada ao progresso e desenvolvimento, e por isso há, no mundo atual, estreita correlação entre o alto nível de vida das populações e o grau avançado de industrialização alcançados pelos países. (SUNKEL apud MOREIRA, 2006)
      Assim, é preciso compreender esse homem, observando o fazer, as crenças e os valores responsáveis por construir e sedimentar um visão de mundo ritmada pela máquina, pelo tempo do relógio e pela produtividade.

O trabalho humano passa a ser uma atividade inteiramente vinculada à maquina. Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAUoZ49Bs_vTEpBro8J87xBluN0n_TkqqxR7t7cCEXIdo7i1mjueeDTlCwpPPAYzT4p2VBzW_73xyINAWysdi4h1X7ZpKQAhRcFPSmU-_PleIwLxlyIh4MxCdAKbch3Yce3lxoDzertbA/s1600/chaplin.JPG
    A Geografia vai estudar a dimensão desse homem em sua espacialização. Assim, o "homem estatístico" , gestado na modernidade, é a essência dos estudos populacionais. Na Geografia da População, o "homem estatístico" é o componente que possibilita revelar a síntese da equação natureza versus consumo. Nessa equação, a natureza é vista como meio ou recurso a ser apropriado e transformado em produtos que servem ao consumo e à satisfação das sociedades. O homem é o sujeito responsável pela manipulação da natureza através da técnica e do conhecimento. Dessa perspectiva, a questão que se revela é: como equilibrar o crescimento do consumo dos recursos naturais, de um lado, e o crescimento da população que o consome de outro? (MOREIRA, 2006)
     Assim, é a respeito desse ser humano que muitos homens e mulheres destinaram dias e noites e estudos para formular suas teorias e visões. É o que chamamos de Teorias Demográficas e que será o conteúdo de nossa próxima postagem.

Assista ao vídeo que nos conta um pouco sobre a Revolução Industrial.
"Preste bastante atenção na relação população e consumo". 




     Bons estudos, e não deixe de participar. Colabore, deixe as suas impressões sobre o tema nos comentários.


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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Geografia da população Parte ll

       Olá, como vai o seu estudo sobre a Geografia da população? É uma matéria, densa e complexa que muitas das vezes assusta quando se fala em porcentagens, gráficos e diagramas. E por causa desses aspectos muitos a acham desinteressante e não a estudam.

      Um dos nossos objetivos é desmistificar o estuda da Geografia da população, mostrando a sua relevância, e que o estudo sistematizado dessa disciplina amplia a compreensão do espaço geográfico.

       Essa postagem dá continuação ao nosso primeiro encontro sobre esse tema. Caso ainda não tenha lido, acesse-o antes no link: Geografia da População Parte l para se inteirar sobre a discussão e depois retorne aqui.

       Nessa postagem vamos nos ater mais detalhadamente em como a população se torna um objeto e um discurso que interessa a diversas esferas da sociedade, transformando-se em campos teóricos que explicam e projetam o comportamento das pessoas, idealizando a sua dinâmica. Para isso, é necessário viajar um pouco no tempo.

A População no Tempo

          Estudar população com base nos aspectos antes mencionados ( Geografia da População Parte l) é fundamental para se entender como as pessoas vivem e organizam o seu espaço e qual o perfil social, econômico e cultural que apresentam. As preocupações relativas a quantos são,  quem são e como vivem. Os habitantes do planeta não são recentes. No decorrer dos séculos, as visões sobre a dinâmica populacional foram sendo alteradas em função do próprio desenvolvimento da humanidade.

       Adentrado pelos caminhos tortuosos da História, podemos encontrar diversos registros que tratam de questões voltadas para a dinâmica populacional. Entre esses registros, estão os escritos bíblicos onde se encontram indicações de estímulo a fecundidade, caraterizadas pela expressão "sede férteis e multiplicai-vos", e também muitas citações que tratam dos movimentos migratórios dos povos bíblicos. Exemplo; a saída dos hebreus do Egito para o local onde hoje é Israel.

Mapa antigo de Israel. fonte:https://www.antiquemaps.com/uk/mzoom/27097.jpg
          Podemos perceber que nos escritos mais antigos já aparecem discursos em que os termos fecundidade, mortalidade e migração são verbalizados para dar sentido à dinâmica dos povos pelo espaço.

    Antigos filósofos chineses reconheceram a noção de "distribuição ótima da população" através da movimentação de indivíduos de terras superpovoadas para outras subpovoadas; eles eram favoráveis ao aumento da população por meio do casamento e procriação.

     Os filósofos gregos Platão (427 a. C - 347 a.C) e Aristóteles (348 a.C - 222 a.C) defendiam a necessidade de otimizar o tamanho da população e da terra ( no sentido de território), para que a defesa e a segurança pudessem ser maximizados, os recursos pudessem ser adequados para o povo e o governo pudesse utilizá-los de forma eficiente. Nesse sentido, eles consideravam que o tamanho da população e a sua distribuição eram elementos fundamentais à concretização de seus ideais a  cerca da "Cidade-Estado".  

    Para Platão, o problema da superpopulação deveria ser solucionado com a prática do controle de nascimentos e de políticas de colonização, enquanto o subpovoamento seria revertido através  do incentivo ao aumento da taxa de nascimentos e da migração. Já os romanos, em plena fase de conquista de terras (Império Romano), eram amplamente favoráveis ao crescimento da população visando à disponibilidade de homens para ocupar e manter as áreas conquistadas.

      No período medieval, os líderes religiosos hebreus, cristãos e muçulmanos, assim como os escritores, estimularam a expansão populacional. Nesse período, tem-se a constituição da sociedade feudal, que tem no feudo a sua unidade básica de produção. Na organização espacial do feudo existia a moradia do senhor feudal e sua família, a vila ou aldeia habitada pelos servos e as terras onde se produziam as mercadorias necessárias à subsistência da população. A maior parte da sociedade feudal era formada por servos, trabalhadores semilivres que não tinham a propriedade da terra. No feudalismo, as possibilidades de mudança de grupo social eram restritas.

A agricultura, como essa representação de uma plantação de trigo no Egito Antigo, contribuiu para um novo impulso demográfico. Fonte:http://operamundi.uol.com.br/media/images/Egito%20Antigo%20-%20planta%C3%A7%C3%A3o%20de%20trigo.jpg

Pesquisar e Refletir  

Faça uma pesquisa e leia sobre os fatos que marcaram a decadência do sistema feudal,com ênfase no conflito que se estabeleceu entre a Igreja e o Estado. Compartilhe as suas impressões da pesquisa nos comentários.

      Podemos perceber que a preocupação com a população não é recente; os aspectos que envolvem a dinâmica populacional, isto é, seu crescimento e mobilidade, são alvos da reflexão de estudiosos desde épocas remotas. Na base dessas análises subentende-se a relação entre a população e o espaço.

Agora assista ao vídeo que nos mostra como era o sistema feudal. "Preste bastante atenção na relação entre população e espaço".

Muito bem pessoal, por hora paramos por aqui, mas breve em postagens futuras continuaremos nossa discussão entorno do tema  " a população no tempo". Bons estudos, e não deixe de participar. Colabore, deixe as suas impressões sobre o tema nos comentários.

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terça-feira, 22 de março de 2016

Geografia da população Parte l

   Esta postagem da início ao nosso estudo sobre a Geografia da População. Já vimos alguns dos principais conceitos geográficos, tais como: espaço geográfico, paisagens geográficas, região, lugar, território. Caso tenha dúvida ou esteja inseguro acerca de alguns dos conceitos citados, é interessante revê-los primeiro  e depois retornar aqui.

    Ter clareza sobre os conceitos já estudados favorecerá uma melhor compreensão dos novos conteúdos que estão por vir. Pois a aprendizagem ocorre como se fosse uma rede, ou seja, um ponto que se liga a outro, que se liga a outro, portanto é importante fazer correlações e estabelecer elos para que a reflexão sobre o novo assunto que iremos abordar tenha consistência.

     Antes de entramos propriamente no tema, reflita sobre os termos " geografia" e "população".  Procure encontra o sentido da população para a geografia. 

"Você pode colaborar compartilhando a sua reflexão nos comentários". 

     Observe que em nossos trajetos diários sempre lidamos com pessoas. Encontramos gente nas mais diversas situações: brincando, trabalhando, conversando, estudando etc. 

    As pessoas estão sempre fazendo alguma coisa, e para isso utilizam um ambiente. Assim elas vão imprimindo marcas nos espaços e os espaços também vão deixando marcas nelas, de maneira que, em muitos casos, os lugares são identificados pelo que as pessoas realizam neles.


fábrica de roupas. Fonte:http://produtospararevenda.net/wp-content/uploads/2015/03/produtos-revenda-melhores-f%C3%A1bricas-compra.jpg

escola. \fonte:http://www.jcnet.com.br/banco_imagem/images/nacional/escola1.jpg
"As imagens ajudam a ver essa relação entre espaços e pessoas".

O que estuda a Geografia da População

    Esse ramo do conhecimento geográfico identifica e analisa os fenômenos que se reproduzem no espaço, visando compreender as múltiplas relações que se estabelecem entre as pessoas na dinâmica que envolve a sociedade, os recursos ambientais e os meios técnicos existentes.

   Sabemos que as populações no mundo apresentam diferenças em múltiplos aspectos, como gênero (sexo masculino e feminino), traços fisionômico (etnias), idade (crianças, jovens, adultos e idosos). É possível dizer que essas diferenças são biológicas, mas também socioculturais.

Mulheres de diferentes etnias. Fonte:http://www.belezanapontadosdedos.com.br/wp-content/uploads/2015/04/etnias-diferentes-e-o-diabetes.jpg
"A figura acima nos mostra como o nosso planeta é populacionalmente semelhante e diferente"


Assim, aos aspectos biológicos agregam-se a organização cultural, política, econômica e territorial da sociedade, que repercutem, por exemplo no número de pessoas empregadas (população economicamente ativa), no número de pessoas que se deslocam de um lugar para outro e nas razões e consequências dessa mobilidade (migração), no número de pessoas que nascem e morrem em um local (Crescimento populacional) e no número de pessoas que vivem em uma localidade e na forma como ocupam esse espaço (distribuição populacional).

     A busca pela compreensão dos fenômenos que geram essas diferenças, suas causas e consequências conduz a analise da dinâmica populacional, que na perspectiva da geografia da população é investigada a partir da espacialização dos seguintes aspectos: crescimento, migrações, estruturas e distribuição populacional. Esses aspectos serão discutidos e aprofundados em postagens futuras.

Agora assista a dois vídeo que nos mostra a importância de se estudar população. 






É interessante estudarmos a população, pois afinal de contas fazemos parte dela. Esperamos que nossas reflexões o ajude em seus estudos sobre a geografia da população. Retomaremos em postagens futuras a esse tema tão importante, principalmente nos dias atuais em que a população mundial já ultrapassa os 7 bilhões de habitantes.

 Enriqueça a discussão do tema abordado com sua participar pelos  comentários.

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quarta-feira, 2 de março de 2016

Conceitos da Geografia: Território II

Olá pessoal, tudo bom!? Vimos na postagem anterior o conceito de território. Falamos um pouco sobre a sua dimensão material e Idealista (imaterial) e a importância desse conhecimento para o nosso dia a dia, pois através dele percebermos com mais clareza os poderes por detrás das paisagens geográficas.


Camelôs. Fonte: http://www.leiaja.com/sites/default/files/styles/large/public/field/image/noticias/2014/01/DSC_6532%
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Hoje veremos os conceitos de territorialização, desterritorialização e reterritorialização. Super importantes para compreendermos a dinâmica (os movimentos, as mudanças) socioespaciais.
  
Para visualizarmos tais conceitos, tomemos como exemplo os negros que foram retirados do continente africano para serem escravizados no Brasil.
Tráfico de escravizados negros. fonte:http://blogdoambientalismo.com/wp-content/uploads/2010/05/escravos-haiti-300x220.jpg
Num primeiro momento, na África, podemos dizer que eles estavam territorializados, pois se encontravam entre a sua gente, em suas respectivas tribos e viviam a seu modo de ser. Eram enraizados aos seus territórios.


Num segundo momentos ocorre o processo de desterritorialização. Os negros foram retirados de seus territórios, ou seja, foram desenraizados e enviados para o Brasil.

Num terceiro momento, já no Brasil, podemos falar em reterritorialização. Visto que os africanos trouxeram consigo a cultura e visão de mundo de onde viviam. E o território já territorializado, foi reterritorializado através da religião, da língua (dialetos africanos), dos temperos e comidas, vestuários, danças, jogos etc.
Culinária afro-brasileira. fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQV4ZFAcxRqFL5NIQ5MtzlblcFguKiBWmghRoNOc_Vm-mUCCXhriB_9IvA4aIHjdyDuYc5v8XzWLwF-a8B0txuh-pHzqPu-gd1ttFVCMN_OK69IwRhbp5xUxKZRTj7_UuRJv2xB3duAIg/s1600/baiana_de_acaraje.jpg
Estamos diante do que se denominou como processos geográficos de Territorialização-Desterritorialização-Reterritorialização (T-D-R), pois a criação de territórios seria representada pela territorialização, a sua destruição (por mais que seja temporária) pela desterritorialização e a sua recriação pelos processos de reterritorialização.

" a desterritorialização é um termo utilizado para designar fenômenos que se originam num espaço e que acabam migrando para outros.(...) esse conceito só faz sentido se for associado ao de reterritorialização, pois as ideias e os costumes saem de um lugar, mas entram noutro ao qual se adaptam e se integram" Oliven ( 2006 apud Chelotti, 2013)

Assista ao vídeo sobre a tema:


O  tema não foi esgotado, pois ele é bastante amplo e abrangente. E abre possibilidades a diversas análises e estudos. 

Em resumo, Compreendemos que os processos T-D-R dão dinamicidade ao território. Desde as escalas maiores, os territórios dos país, por exemplo, a escalas menores como o território dos camelôs em uma rua.




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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Conceitos da Geografia: Território Parte I

Olá pessoal, esperamos que os materiais de nosso blog estejam ajudando-os na reflexão sobre os conceitos da geografia. Contamos com a participação de todos através dos comentários, da indicação de leituras, vídeos relacionados aos temas aqui abordados etc. Se os materiais das postagens de alguma forma te ajudaram, divulgue-os para os seus amigos.

Etimologicamente a palavra território vem do latim territorium, que significa pedaço de terra apropriado. (HAESBAERT, 2009, p. 43)  



Para entendermos de modo  prático o conceito de território, pense que a sua casa é o espaço geográfico. (caso ainda não tenha o conceito, acesse o link). Observe, o jovem que ainda mora com os pais tem o seu quarto como o local da casa onde ele pode ter mais privacidade e liberdade de opinião. Normalmente, é onde ele tem maior "poder"de domínio e decisão em relação aos outros ambientes da casa.
Cômodos da casa. Fonte: http://www.smartkids.com.br/content/articles/images/182/thumb/partes-da-casa_1.png
Partindo desse exemplo podemos perceber que o território é uma determinada área delimitada no espaço geográfico onde há um exercício de "poder", de domínio, de decisão.

Pensemos, por exemplo, no território nacional;
Território nacional. Fonte:http://www.vaccinecare.com.br/news/atendimento-nacional.png 
Chamamos  de território nacional, pois essa área delimitada no espaço geográfico é regida e controlada por leis brasileiras. É onde o brasileiro (Brasil) exerce o seu poder. 

Na Indonésia, a pena de morte é legalizada, aqui no Brasil é ilegal. Daí podemos perceber a diferença do exercício de poder entre os dois países.

O território multidimensional


O conceito de território se desdobra em duas concepções: o materialismo e o idealismo.

Concepção materialista de território


Nessa concepção o território é entendido pelos seus aspectos " visíveis" " materiais". 
Podemos falar em: território natural, pois o homem é um ser territorial. Ele toma posse do espaço geográfico e exerce nele o "poder". Por exemplo, território indígena;
protesto. Fonte: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVet9CW8A_t4-Iihh1RSWjuWQc3b-1ObFVh0te5uvt6Qybv2OGQETO6ucQ3b-rPWwuPPXrgne_tNReGgPYpEo_yVjahBcxcLf7TLYTxUIMKEDycAitSSQl_rpDM0ywJ7AT_ELTMm9ivg/s1600/Eus%25C3%25A9bio+2.jpg
Resultado de imagem para território federal indígena
Placa do ministério da justiça. Fonte:https://encrypted-tbn2.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcQqYFVIziBK2kqewjEMU_56fFYJgRWrgztYURMtBUyOuUgX9JML
Território econômico, é aquele concebido como fonte de recursos. As relações de produção dentro de determinada sociedade é o principio desse conceito. 
Características do território econômico. Fonte:http://images.slideplayer.com.br/2/360416/slides/slide_38.jpg


 Designa-se por território uma porção da natureza e, portanto do espaço sobre o qual uma sociedade reivindica e garante a todos ou a parte de seus membros direitos estáveis de acesso, de controle e de uso com respeito à totalidade ou parte dos recursos que aí se encontram e que ela deseja e é capaz de explorar. (GODELIER apud HAESBAERT, 2009, p. 56). 
Território político, é onde as relações de poder são o principal fator a ser considerado na análise. A forma mais tradicional de uso deste conceito está ligada à associação feita entre ele e o Estado.
Divisão política do Brasil. Fonte:http://blogdoenem.com.br/wp-content/uploads//sites/2/2014/04/brasil-politico.png
acepção do conceito de território. Fonte:http://images.slideplayer.com.br/7/1780589/slides/slide_10.jpg

 Concepção idealista de território


 A cultura, os códigos étnicos, a religião também são formas de apropriação de um determinado espaço. Esta dimensão territorial tem “referências muito mais enfáticas a estes ‘poderes invisíveis’ que fazem parte do território”, tais como mitos e símbolos que podem “mesmo ser responsáveis pela própria definição do grupo como tal.” (HAESBAERT, 2009, p. 69).

Vaticano, onde o Papa é o chefe de Estado. Fonte:https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/St_Peter's_Square,_Vatican_City_-_April_2007.jpg
Papa Francisco, atual chefe de Estado do Vaticano. Fonte:http://atodomomento.com/wp-content/uploads/2014/10/639x360_1403306636_PAPA-AFP.jpg

Vídeo sobre território:



Muito bem pessoal, já vimos muitas coisas sobre o conceito território, hein!? Com posse desse conceito  podemos ver as paisagens geográficas de forma mais crítica, pois sabemos que por detrás delas a um poder sendo exercido. 

Deixamos como indicação de leitura sobre esse tema o artigo: Um estudo sobre o conceito de território na análise geográfica .

Em postagem futura continuaremos nossa discussão trazendo novas acepções e desdobramentos sobre o conceito território. Deixe um comentário logo abaixo sobre o que você mais gostou nesse artigo, ou sobre alguma dica extra que você deseja compartilhar conosco.

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quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Conceitos da Geografia: Região


Mulher com acne no rosto. Fonte:http://dicaspoderosas.com.br/wp-content/uploads/2015/05/dicas-para-prevenir-a-pele-oleosa1.jpg


   Certamente você já ouviu ou até mesmo usou a expressão: estou com dor nos olhos, nas pernas, nas costas etc.



    Quando alguma coisa acontece em nosso corpo, uma espinha, por exemplo. Procuramos indicar ao médico, da melhor maneira possível, onde ela está. Não é?



     Se alguém disser ao médico "estou com uma espinha no corpo", é óbvio que ele perguntará em qual parte? Ou seja, ele precisa saber em qual região está, se é das costas, do rosto, dos braços etc.


    A geografia ao estudar os fenômenos geográficos também divide o espaço em regiões para melhor identificá-los e compreendê-los.



   Em geral, denominamos de regiões as áreas delimitadas de acordo com particularidades que as diferenciam entre si e com outras.

por exemplo, região serrana e região praieira.

Teresópolis,RJ.Brasil. Região serrana. Fonte:https://c1.staticflickr.com/1/377/19705425500_447a0159c9_b.jpg 

A Enseada Azul, região das praias capixabas mais bonitas.
Enseada Azul,ES. Brasil. Região praieira.
 Fonte: http://muitaviagem.com.br/wp-content/uploads/2013/12/620x330xbacutia-peracanga-guarapari-es-620x330.jpg.pagespeed.ic.z7bqV9AZDh.jpg


Observe os exemplos a seguir:
Divisão hidrográfica do Brasil. Fonte:http://www.riosvivos.org.br/arquivos/site_noticias_102240429.jpg


Divisão política do Brasil. Fonte:http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/conteudo_legenda/c118361b003fff302eeb9004586476ea.jpg


   Você pode perceber que os dois mapas não dividem o território nacional da mesma forma, pois num o fenômeno que se quer observar é o hídrico (fontes de água no território), por isso a regionalização do território foi feita assim. No outro, divisão política do Brasil, o fenômeno em destaque é político.



 Portanto, uma região pode ser definida em termos ambientais, econômicos, históricos, paisagísticos, culturais, políticos entre muitos outros.



Assista agora ao vídeo do telecurso 2000, trabalhando as regiões, que nos mostrará algumas novidades sobre o conceito região.




   Para ampliarmos ainda mais o nosso entendimento sobre o conceito, indicamos a leitura do capítulo: O Conceito de Região e Sua Discussão, do livro: Geografia: conceitos e temas.

    Deixe um comentário logo abaixo sobre o que você mais gostou nesse artigo, ou sobre alguma dica extra que você deseja compartilhar conosco ou até mesmo alguma crítica construtiva.

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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

PESQUISA DE OPINIÃO: Quais músicas?

Olá pessoal! Espero que estejam curtindo as postagens e os materiais disponíveis.  O objetivo do nosso blog é popularizar os saberes geográficos, com a finalidade de ajudar a construir uma sociedade mais consciente de suas atitudes em relação ao meio ambiente e ao próprio meio social.

Ler é bom demais, e acompanhado de uma bela música é melhor ainda!


Acreditamos que uma boa música é capaz de criar um ambiente agradável e prazeroso a leitura. Sendo assim, gostaríamos de opiniões sobre músicas para tocarem aqui no nosso blog. Compreendemos que os gostos por estilos musicais são variados, por isso, abrimos essa enquete para saber de você, companheiro da Geografia do Dia a Dia, quais são as músicas que proporcionariam ao blog aquele ambiente agradável para leitura e reflexão.

Deixe nos comentários as suas dicas musicais. Pois, em fevereiro faremos o balanceamento das opiniões, e as mais pedidas entrarão para o repertório de músicas de ambientação do blog.

Tudo aqui é construído a partir do feedback de vocês. Então, não deixe de comentar, curtir, colaborar com temas interessantes, material para reflexão, opiniões etc. Para que possamos ampliar o alcance do saber geográfico, e assim chegar ao nosso objetivo que é tornar acessível a todos os conhecimentos da Geografia. Forte abraço!

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terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Conceitos da Geografia: Lugar

     

   Comumente usamos o vocábulo "lugar" e "local" como se fossem sinônimos, mas não são. Para a geografia, a ideia de local relaciona-se a uma noção de cartografia, ao sentido de apontar um determinado ponto no espaço onde se encontra algo ou alguém. Por outro lado, o conceito de lugar, que possui uma localização no espaço, contém o local, mas vai muito além dele. O lugar é culturalmente definido, já o local é uma qualidade incidental do lugar, definida pela cartografia (Relph, 1976).

 O local é uma qualidade incidental do lugar, definida pela cartografia. Fonte:http://www.innovationwebgroups.com/img/blog/local-seo-services_1.jpg.pagespeed.ce_.uIMsk9LOWh.jpg



    Na Geografia particularmente, a expressão lugar constitui-se em um dos seus conceitos-chave. Ele surgiu como reação ao positivismo que promovia a dissociação homem – meio. É estudado por duas principais correntes: geografia humanística (fenomenológica) e geografia radical (adota ideias marxistas).




Definições sobre geografia humanística. Fonte:http://image.slidesharecdn.com/geografiahumanstica-teoriaemtodoemgeografia-130831113609-phpapp02/95/geografia-humanstica-teoria-e-mtodo-em-geografia-2-638.jpg?cb=1377950349




Definições sobre  geografia radical. Fonte:https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKxulpjwplD3V7lObK_ciqS9BOh3lCQ1ZQuaiwGUwtpCRUhPrlDG3LWwzalV3ZTyJcHg8YuTDaEEhMaRiF1EUkAUnRB_XVBK31F4xmk80b-LVh2xKTGzYuhvQChLoNjUDY4wj1AJAq3k_9/s320/Slide4.JPG





Lugar na visão humanista


     É o lugar, principalmente, um produto da experiência humana. Tuan (1975) define lugar como sendo o centro de significados construído pela experiência. Pois é carregado de sensações emotivas principalmente porque nos sentimos protegidos e seguros, afirma Mello (1990). Entretanto, essa relação de afetividade que os indivíduos desenvolvem com o lugar só ocorre em virtude de estes só se voltarem para ele munidos de interesses pré- determinados, isto é, dotados de uma intencionalidade.



Os lugares são construídos por intencionalidades. Fonte:http://images.slideplayer.com.br/1/294688/slides/slide_44.jpg




Os limites do lugar 

    Normalmente não são dotados de limites reconhecíveis no mundo concreto. Por ser uma construção subjetiva e ao mesmo tempo tão familiarizada as práticas do cotidiano que as próprias pessoas envolvidas com o lugar não o percebem como tal. O senso de valor do lugar se faz sensível quando há uma ameaça ao lugar, como a demolição de um monumento considerado importante, por exemplo.



Demolição do antigo prédio da fábrica da Brahma na Praça Onze. Fonte:http://www.sambaepaixao.com/teste/wp-content/uploads/2011/08/demoli%C3%A7%C3%A3o-e1312916023855.jpg



Percepção homem-meio


      Relph (1976) desenvolveu duas classes de percepção dialética Homem-meio: insider (ótica do habitante do lugar) e outsider (ótica de um habitante externo ao lugar). Neste contexto, o lugar é considerado contido no espaço, onde a sua percepção variaria entre a visão do morador e a do estrangeiro ao lugar. Ele também criou o neologismo “deslugar” (placelessness) para designar as formas estandardizadas, por exemplo, os conjuntos habitacionais e alguns estabelecimentos de “comida rápida” ( fast food).




Barraca de "fast food" McDonald. Fonte:  https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ef/McDonald's-shanghai.JPG


Atitudes autênticas e inautênticas em relação ao lugar



      São denominadas atitudes autênticas aquelas em que o indivíduo tem plena consciência do teor ideológico embutido nas formas que constroem o lugar. Por outro lado, uma atitude inautêntica caracteriza uma visão alienada do lugar e a relação Homem-mundo vivida não seria plena. Exemplos dessa experiência seriam as relações mantidas entre os indivíduos e as formas universalizadas dos shopping-centers, por exemplo.




Lugar na visão marxista (ou da geografia radical)


    O lugar é tido como produto de uma dinâmica que é única, ou seja, resultante de características históricas e culturais próprias ao seu processo de formação, quanto como uma expressão da globalidade. A origem desta percepção encontra-se intimamente relacionada ao processo de expansão do modo capitalista de produção.

      Assim como as contradições internas é a principal razão de existência do capitalismo, o lugar seria o reflexo dessa ambiguidade;centro/periferia,globalização(homogeneização)/fragmentação.



MPC: modo de produção capitalista. Fonte:http://images.slideplayer.com.br/11/3139444/slides/slide_41.jpg


    Os lugares são o mundo e reproduzem este mundo de modos individuais e diversificados. São formas singulares da totalidade-mundo. Estes lugares têm deste modo, um papel de relevante importância ao propiciarem um espaço vivido "que permite, ao mesmo tempo, a reavaliação das heranças e a indaga-ção sobre o presente e o futuro" (SANTOS, 2000: 114).



Barraca da Coca-Cola na Índia. Fonte:



  Em um mundo que se encontra dominado, em grande medida, pelo estágio avançado da chamada “globalização”, em que “todos os lugares ficam vulneráveis à influência direta do mundo mais amplo” (Harvey, 2003, p. 221), o conceito de lugar se apresenta com um grande potencial para conseguirmos “aprender a lidar com um avassalador sentido de compressão dos nossos mundos espacial e temporal” (Idem, p. 219).O processo de globalização ampliaria, portanto, a participação de atores extra-locais na construção de lugares.




     Podemos afirmar,então, que  o conceito “lugar” pode nos valer de ferramenta de entendimento para a compreensão dos laços afetivos que ligam as pessoas a uma determinada porção do espaço, bem como interpretar as conexões advindas da globalização que se refletem nas formas espaciais e econômicas, que influenciam, e até modificam as formas de ser e vivenciar das pessoas no espaço geográfico afetivo, isto é, no lugar.







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