segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Quem disse que religião não se discute?



 Olá pessoal, o tema que iremos abordar hoje é muito importante, pois se trata de assunto relacionado a fé, a crença, a simbolização do divino.



    Não há como fugir muito desse tema, pois ele faz parte de nossas vidas, seja de forma direta ou indireta, mas sempre está presente. Basta olhar o calendário e ver quantos feriados religiosos existem; quantos canais de televisão e de rádio são dedicados aos programas religiosos; quantos templos religiosos existem na sua cidade etc.

 A Geografia da Religião procura analisar a ação desempenhada pela motivação religiosa do homem em sua criação e sucessivas transformações no espaço geográfico. Ou seja, ela estuda a manifestação material do sagrado no espaço; Examina como a prática de ver e sentir o sagrado relaciona-se com a sociedade e o espaço.


  Ao estudar a Geografia da religião compreenderemos que o espaço geográfico, nossa morada, está organizado, não somente por leis jurídicas e morais, mas também, por simbolismos e crenças relacionadas ao sagrado e ao profano.



O que é sagrado e o que é profano?

 Chamamos de sagrado tudo aquilo que divinizamos ou está relacionado ao divino, foco de respeito, veneração e até mesmo de adoração. São considerados sagrados, a própria divindade (Deus ou deuses), também os seres ligados diretamente a a ela, como os anjos, os avatares, etc. Além da divindade e dos seres ligados a ela também podemos identificar como sagrados coisas como alguns tipos de alimentos (o pão e o vinho oferecidos em sacrifício nos ritos cristãos da missa ou do culto), objetos (cálice, altar, roupas, bíblia, ícones, etc. a serviço do culto divino), lugares (templos, igrejas, sinagogas, montanhas, cidades, etc.), pessoas (profetas, sacerdotes, etc.), também existem outros tipos de coisas sagradas bastante curiosas como: árvores, pedras, o sol, a lua, etc.

 Ao contrário do sagrado o profano é tudo aquilo que está relacionado ao mundo atual em que vivemos, também chamado de século. Mas é importante ressaltar que quando falamos de profano, não estamos nos referimos ao mundo como algo negativo ou ruim.

 Quando nos referimos ao elemento profano estamos nos referimos ao mundo atual em que vivemos com as coisas diárias que fazemos, e que não possui relação alguma com a divindade ou divindades, refere-se exclusivamente a vida humana em si, como o ato de namorar, trabalhar, estudar, comercializar, etc e que nada tem a ver com o culto as divindades. Deste modo, são profanos todos os atos e relações humanas que não estão relacionados ao culto à divindade.

Principais religiões no mundo


Mapa das religiões. Fonte:http://image.slidesharecdn.com/



• Cristianismo: 29% da população mundial é adepta ao Cristianismo. A religião que tem como única divindade Jeová – ou Javé – possui algumas vertentes, como o Protestantismo, idealizado por Martinho Lutero e o Cristianismo Ortodoxo, que surgiu após a separação do Império Romano em 476 d.C. A Igreja Católica Romana está mais presente nas Américas (com exceção dos Estados Unidos, que possui grande maioria protestante), na África Central e na Europa Ocidental. A Igreja Ortodoxa possui mais adeptos na Europa Oriental e na Rússia. Já o Protestantismo está presente na Austrália, no sul da África e nos países escandinavos;


• Islamismo: 23% da população mundial segue a tradição do Islamismo, que tem em Alá sua divindade e em Maomé, o principal nome profético. A distribuição de pessoas que têm como religião o Islamismo é feita principalmente no Norte da África, em todo o Oriente Médio e no sudoeste asiático. Há duas principais vertentes do Islã: os xiitas e os sunitas. Embora haja seguidores das duas vertentes em quase todo o Oriente Médio, a concentração de xiitas é muito menor e resume-se ao Iraque, ao Irã e ao Iêmen. Outras vertentes menos conhecidas também existem, mas possuem poucos seguidores;

• Hinduísmo: a religião tradicional indiana é praticada por mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, ou seja, aproximadamente 15% da população mundial. Mais da metade vive na Índia e no Nepal, mas há praticantes em mais de 15 países em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. A principal divindade é o Brâman, mas há várias divindades adoradas e cultuadas pelos praticantes do Hinduísmo. Brâman, na verdade, pode assumir vários avatares e representar várias entidades, o que faz com que o Hinduísmo seja de certa forma politeísta;

• Budismo e outras religiões chinesas: a China e o leste da Ásia correspondem a uma região muito antiga e com cultura rica em várias tradições e crenças. O Budismo – que tem Buda como principal líder e representante – é a religião de mais de oito por cento da população mundial. O Budismo é uma religião que não possui divindade, ou seja, suas crenças são mais baseadas em ensinamentos, correntes filosóficas e as possibilidades que uma pessoa tem em sua vida para descobrir os seus propósitos por aqui. Basicamente, os praticantes do Budismo estão concentrados na China, no Tibete e no Japão, mas há simpatizantes em várias regiões do mundo.


Como aplicar esse conhecimento ao nosso dia a dia?

Segundo a geógrafa Zeny Rosendahl, especialista no assunto, para se compreender melhor uma dada religião é interessante atentar-se a três fases de analise:


Primeiramente, reconhecer como se estrutura espacialmente a religião; quais são as atividades que dão origem a suas formas espaciais construídas; e as atitudes mentais e os processos de mudança associados ao comportamento do individuo ligado a religião. Segundo, tentar compreender como se dá a sua experiência individual com a religião. E terceiro, considerar a dialética, isto é, a interação entre religião e meio ambiente.
Diagrama. Fonte: http://www.e-publicacoes.uerj.br/

       












 O objetivo é compreender a influência da religião sobre o homem, reconhecer a ação religiosa nos usos, costumes e hábitos, além disso identificar as estratégias contidas em suas territorialidades no gerenciamento de seus territórios.


O espaço vivido é uma experiência contínua, egocêntrica e social, um
espaço de movimento e um espaço-tempo vivido que se refere ao
afetivo, ao mágico, ao imaginário. O espaço vivido é também um
campo de representações simbólicas, rico em simbolismo que vão
traduzir em sinais visíveis não só o projeto vital da sociedade,
subsistir, proteger-se, sobreviver, mas também as suas aspirações,
crenças, o mais íntimo de sua cultura (CORRÊA, 2001, p. 32).

A religião e o fanatismo

Infelizmente o fanatismo é uma realidade presente na história da humanidade. Temos vários exemplos de pessoas que usam a religião como preceito para praticar atos de crueldade e “seleção” daqueles que – segundo os “conceitos da religião” – são as únicas pessoas dignas de permanecer. Casos como as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, pelo Nazismo, pelas Cruzadas, entre tantos outros, são exemplos de que o fanatismo religioso, sobretudo aquele que não leva em conta as crenças alheias, pode provocar diversos sentimentos – inclusive ódio e insensibilidade – nas pessoas que praticam religiões.
execução -Terroristas Estado Islâmico. Fonte:g1.globo.com

  Segundo o professor doutor em Ciências da Religião Carlos Eduardo Calvani, o fanático é alguém incapaz de perceber o mundo a partir de referenciais diferentes do que elegeu como absolutos para sua vida. Exatamente por isso, costuma dividir o universo em dois polos distintos: o bem e o mal. O primeiro diz respeito à escolha, gosto ou preferência do próprio devoto e o segundo se refere ao universo alheio.

“O fanático religioso jamais admitirá que é fanático. Fanáticos são sempre os outros. No caso religioso, as posturas fanáticas costumam emergir quando a cosmovisão religiosa que dá sentido ao mundo do fiel, começa a ser questionada ou abalada no intercâmbio com outras formas de crença” - Carlos Calvino.


  Portanto, aprendamos a conviver com as diferenças, pois é o melhor caminho para combater o fanatismo.


 As dicas de leitura sobre o tema abordado são: História, Teoria e método em Geografia da Religião, por Zeny Rosendhl; Espaço e Religião, Sagrado e Profano: Uma Contribuição para a Geografia da Religião do Movimento Pentecostal, por Hélio Carlos Miranda de Oliveira; e Geografia da Religião: Um Olhar Panorâmico, por Clevisson Junior Pereira.

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