quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ei, Você! Você Vai Ficar Calado e Parado? A Geografia Crítica e o Dia a Dia




  Olá pessoal. Hoje discutiremos sobre o que é geografia crítica; qual é a sua importância para o nosso dia a dia.

    A palavra “crítica” vem do Grego “kritikos”, que significa “a capacidade de fazer julgamentos". Quando se diz que uma pessoa tem senso crítico, significa que ela tem a capacidade de pensar sobre as verdades impostas pela sociedade dominante; não aceita a imposição de qualquer tradição, dogma ou comportamento sem antes questionar.

Definição para pensamento crítico. Fonte: http://images.slideplayer.com.br/1/327221/slides/slide_2.jpg

 Existe uma ideologia dominante (conjunto de crenças, valores e opiniões) veiculada na política, religião, meios de comunicação ou outros grupos, que procura manipular as pessoas para que não questionem; para que aceitem o que lhes for imposto sem ponderar ou investigar a verdade.

Falsa liberdade de expressão. Fonte:http://1.bp.blogspot.com/
            















  A geografia crítica é um posicionamento crítico frente à geografia preexistente ( seja ela tradicional ou pragmática).

Geografia tradicional

   A geografia tradicional teve seus fundamentos alicerçados nas ideias positivistas de Augusto Comte, que influenciaram efetivamente essa ciência e contribuíram para legitimar o conhecimento científico nessa área. 

 Para tanto, a geografia tradicional adotou o método científico desenvolvido através da observação, da descrição e da classificação dos fatos, restringindo-se aos aspectos visíveis e mensuráveis do estudo. Essa postura contribuiu para uma descrição compartimentada do quadro natural e humano, eliminando qualquer relação entre eles. 

  A geografia não se preocupava com a análise das relações sociais, mas, sim, com o estudo dos aspectos visíveis e dos fenômenos mensuráveis. O conhecimento era baseado na neutralidade científica, com o predomínio do empirismo como procedimento de descrição da realidade.

Bandeira Nacional e o positivismo. fornte: http://image.slidesharecdn.com/bandeiranacional-101015194840-phpapp02/95/bandeira-nacional-19-728.jpg?cb=1287172192

Geografia pragmática


 Diferentemente do que se propunha na Geografia Tradicional, onde a Geografia era tida como uma ciência singular, devendo possuir métodos próprios, na Geografia pragmática ( também chamada de Geografia teorética-quantitativa, nova Geografia, Geografia sistemática ou modelista etc) os métodos científicos são comuns a todas as ciências. Outra característica marcante é o amplo uso das técnicas matemáticas e estatísticas para analisar os dados coletados e as distribuições espaciais.




Propaganda do IBGE. Fonte:http://4.bp.blogspot.com/


Geografia crítica

  Tem como objetivo a transformação da realidade social. Utiliza os conceitos geográficos ( paisagem, região, escalas etc) para promover uma sociedade mais justa. Entende que o saber geográfico é um instrumento de libertação do homem.


Charge crítica . Fonte:http://2.bp.blogspot.com/


 Diferente da geografia radical que se ligou ao socialismo e ao marxismo, a geografia crítica procura estabelecer uma proposta pluralista e aberta, dialogando com diversas correntes. Pondo em evidência a relação entre a geografia e a superestrutura da dominação de classe na sociedade capitalista. desvendando as máscaras sociais aí contidas, pondo à luz os compromissos sociais do discurso Geográfico e seu caráter classista.


Charge crítica. Fonte:https://cageos.files.wordpress.com



  Ela critica a geografia tradicional e a pragmática por manterem suas análises pressas ao empirismo exacerbado decorrente do positivismo e a despolitização ideológica do discurso geográfico que afastava do âmbito dessa disciplina a discussão das questões sociais.


  A sua importância consiste no fato de que ela surgiu em meados da década de 1970 num contexto de revisão de ideias e valores: o maio de 1968 na França, as lutas civis nos Estados Unidos, os reclames contra a guerra do Vietnã, a eclosão e a expansão do movimento feminista, do ecologismo e da crise do marxismo... Época caracterizada por desigualdades sociais, disparidades econômicas e regionais (presentes até hoje). Criticando todos esses problemas, a geografia crítica defende o espaço e as formas de apropriação da natureza, mas dentro de uma esfera rigorosamente cientifica.

Menina fazendo cópia. Fonte:http://4.bp.blogspot.com/

   Para a Geografia crítica não são relevantes informações prontas e decorativas ("as decorebas"), pois ela tem em seus princípios a critica como fundamento ideológico.

  Qual é a importância de um mapa se ele não servir para pensar, planejar e propor soluções de problemas socioespaciais?

  Onde está a relevância de ser um operador de máquinas modernas, coletador de dados e produtor de mapas, se não houver a criticidade na função?

 Não podemos confundir a "panela com o cozinheiro". A panela é importante no preparo do alimento, mas quem ira determinar o aspecto e o sabor da comida certamente será o cozinheiro. De que nos vale ter todo o instrumental geográfico se não tivermos a criticidade ao utilizá-lo?


A ciência não é neutra. Fonte:http://c9.quickcachr.fotos.sapo.pt/



  A geografia crítica estabelece o rompimento da neutralidade na pesquisa e no estudo geográfico, com a proposta de engajamento e criticidade junto a toda a conjuntura social, econômica e política do mundo; estabelece uma leitura crítica frente aos problemas e interesses que envolvem as relações de poder, e a pró-atividade frente as causas sociais, com a defesa da diminuição das disparidades sócio-econômicas e diferenças regionais.


  Agora com toda a informação que já temos sobre a Geografia Crítica. Vamos assistir ao vídeo " Reduto político de Renam Calheiros para em dia de jogo de futebol" publicado no canal TV Folha no youtube.


 






       As dicas de leitura para o tema abordado são: Geografia Pequena História Crítica do geógrafo Antônio Carlos Robert Moraes; O Que é Crítica. Ou: Qual é a Crítica da Geografia Crítica? do geógrafo José William Vesentini.



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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Quem disse que religião não se discute?



 Olá pessoal, o tema que iremos abordar hoje é muito importante, pois se trata de assunto relacionado a fé, a crença, a simbolização do divino.



    Não há como fugir muito desse tema, pois ele faz parte de nossas vidas, seja de forma direta ou indireta, mas sempre está presente. Basta olhar o calendário e ver quantos feriados religiosos existem; quantos canais de televisão e de rádio são dedicados aos programas religiosos; quantos templos religiosos existem na sua cidade etc.

 A Geografia da Religião procura analisar a ação desempenhada pela motivação religiosa do homem em sua criação e sucessivas transformações no espaço geográfico. Ou seja, ela estuda a manifestação material do sagrado no espaço; Examina como a prática de ver e sentir o sagrado relaciona-se com a sociedade e o espaço.


  Ao estudar a Geografia da religião compreenderemos que o espaço geográfico, nossa morada, está organizado, não somente por leis jurídicas e morais, mas também, por simbolismos e crenças relacionadas ao sagrado e ao profano.



O que é sagrado e o que é profano?

 Chamamos de sagrado tudo aquilo que divinizamos ou está relacionado ao divino, foco de respeito, veneração e até mesmo de adoração. São considerados sagrados, a própria divindade (Deus ou deuses), também os seres ligados diretamente a a ela, como os anjos, os avatares, etc. Além da divindade e dos seres ligados a ela também podemos identificar como sagrados coisas como alguns tipos de alimentos (o pão e o vinho oferecidos em sacrifício nos ritos cristãos da missa ou do culto), objetos (cálice, altar, roupas, bíblia, ícones, etc. a serviço do culto divino), lugares (templos, igrejas, sinagogas, montanhas, cidades, etc.), pessoas (profetas, sacerdotes, etc.), também existem outros tipos de coisas sagradas bastante curiosas como: árvores, pedras, o sol, a lua, etc.

 Ao contrário do sagrado o profano é tudo aquilo que está relacionado ao mundo atual em que vivemos, também chamado de século. Mas é importante ressaltar que quando falamos de profano, não estamos nos referimos ao mundo como algo negativo ou ruim.

 Quando nos referimos ao elemento profano estamos nos referimos ao mundo atual em que vivemos com as coisas diárias que fazemos, e que não possui relação alguma com a divindade ou divindades, refere-se exclusivamente a vida humana em si, como o ato de namorar, trabalhar, estudar, comercializar, etc e que nada tem a ver com o culto as divindades. Deste modo, são profanos todos os atos e relações humanas que não estão relacionados ao culto à divindade.

Principais religiões no mundo


Mapa das religiões. Fonte:http://image.slidesharecdn.com/



• Cristianismo: 29% da população mundial é adepta ao Cristianismo. A religião que tem como única divindade Jeová – ou Javé – possui algumas vertentes, como o Protestantismo, idealizado por Martinho Lutero e o Cristianismo Ortodoxo, que surgiu após a separação do Império Romano em 476 d.C. A Igreja Católica Romana está mais presente nas Américas (com exceção dos Estados Unidos, que possui grande maioria protestante), na África Central e na Europa Ocidental. A Igreja Ortodoxa possui mais adeptos na Europa Oriental e na Rússia. Já o Protestantismo está presente na Austrália, no sul da África e nos países escandinavos;


• Islamismo: 23% da população mundial segue a tradição do Islamismo, que tem em Alá sua divindade e em Maomé, o principal nome profético. A distribuição de pessoas que têm como religião o Islamismo é feita principalmente no Norte da África, em todo o Oriente Médio e no sudoeste asiático. Há duas principais vertentes do Islã: os xiitas e os sunitas. Embora haja seguidores das duas vertentes em quase todo o Oriente Médio, a concentração de xiitas é muito menor e resume-se ao Iraque, ao Irã e ao Iêmen. Outras vertentes menos conhecidas também existem, mas possuem poucos seguidores;

• Hinduísmo: a religião tradicional indiana é praticada por mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo, ou seja, aproximadamente 15% da população mundial. Mais da metade vive na Índia e no Nepal, mas há praticantes em mais de 15 países em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos. A principal divindade é o Brâman, mas há várias divindades adoradas e cultuadas pelos praticantes do Hinduísmo. Brâman, na verdade, pode assumir vários avatares e representar várias entidades, o que faz com que o Hinduísmo seja de certa forma politeísta;

• Budismo e outras religiões chinesas: a China e o leste da Ásia correspondem a uma região muito antiga e com cultura rica em várias tradições e crenças. O Budismo – que tem Buda como principal líder e representante – é a religião de mais de oito por cento da população mundial. O Budismo é uma religião que não possui divindade, ou seja, suas crenças são mais baseadas em ensinamentos, correntes filosóficas e as possibilidades que uma pessoa tem em sua vida para descobrir os seus propósitos por aqui. Basicamente, os praticantes do Budismo estão concentrados na China, no Tibete e no Japão, mas há simpatizantes em várias regiões do mundo.


Como aplicar esse conhecimento ao nosso dia a dia?

Segundo a geógrafa Zeny Rosendahl, especialista no assunto, para se compreender melhor uma dada religião é interessante atentar-se a três fases de analise:


Primeiramente, reconhecer como se estrutura espacialmente a religião; quais são as atividades que dão origem a suas formas espaciais construídas; e as atitudes mentais e os processos de mudança associados ao comportamento do individuo ligado a religião. Segundo, tentar compreender como se dá a sua experiência individual com a religião. E terceiro, considerar a dialética, isto é, a interação entre religião e meio ambiente.
Diagrama. Fonte: http://www.e-publicacoes.uerj.br/

       












 O objetivo é compreender a influência da religião sobre o homem, reconhecer a ação religiosa nos usos, costumes e hábitos, além disso identificar as estratégias contidas em suas territorialidades no gerenciamento de seus territórios.


O espaço vivido é uma experiência contínua, egocêntrica e social, um
espaço de movimento e um espaço-tempo vivido que se refere ao
afetivo, ao mágico, ao imaginário. O espaço vivido é também um
campo de representações simbólicas, rico em simbolismo que vão
traduzir em sinais visíveis não só o projeto vital da sociedade,
subsistir, proteger-se, sobreviver, mas também as suas aspirações,
crenças, o mais íntimo de sua cultura (CORRÊA, 2001, p. 32).

A religião e o fanatismo

Infelizmente o fanatismo é uma realidade presente na história da humanidade. Temos vários exemplos de pessoas que usam a religião como preceito para praticar atos de crueldade e “seleção” daqueles que – segundo os “conceitos da religião” – são as únicas pessoas dignas de permanecer. Casos como as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico, pelo Nazismo, pelas Cruzadas, entre tantos outros, são exemplos de que o fanatismo religioso, sobretudo aquele que não leva em conta as crenças alheias, pode provocar diversos sentimentos – inclusive ódio e insensibilidade – nas pessoas que praticam religiões.
execução -Terroristas Estado Islâmico. Fonte:g1.globo.com

  Segundo o professor doutor em Ciências da Religião Carlos Eduardo Calvani, o fanático é alguém incapaz de perceber o mundo a partir de referenciais diferentes do que elegeu como absolutos para sua vida. Exatamente por isso, costuma dividir o universo em dois polos distintos: o bem e o mal. O primeiro diz respeito à escolha, gosto ou preferência do próprio devoto e o segundo se refere ao universo alheio.

“O fanático religioso jamais admitirá que é fanático. Fanáticos são sempre os outros. No caso religioso, as posturas fanáticas costumam emergir quando a cosmovisão religiosa que dá sentido ao mundo do fiel, começa a ser questionada ou abalada no intercâmbio com outras formas de crença” - Carlos Calvino.


  Portanto, aprendamos a conviver com as diferenças, pois é o melhor caminho para combater o fanatismo.


 As dicas de leitura sobre o tema abordado são: História, Teoria e método em Geografia da Religião, por Zeny Rosendhl; Espaço e Religião, Sagrado e Profano: Uma Contribuição para a Geografia da Religião do Movimento Pentecostal, por Hélio Carlos Miranda de Oliveira; e Geografia da Religião: Um Olhar Panorâmico, por Clevisson Junior Pereira.

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domingo, 27 de dezembro de 2015

Você sabia que para a Geografia não existe apenas uma escala de tempo?


 Olá pessoal. Hoje iremos falar sobre o tempo. Aliás, sobre os tempos.

 Além da concepção de tempo dos relógios e dos calendários (tempo cronológico), aos quais estamos acostumados, pois os utilizamos diariamente para marcar um encontro,  aniversário, consultar o médico, existem outras formas de escala de tempo. 

 Dentre as mais utilizadas temos as escalas: geológica, histórica, cronológica, psicológica e meteorológica. 

 O tempo geológico refere-se ao processo de surgimento, formação e transformação do planeta Terra, e também, aos fenômenos que propiciam as mudanças na crosta terrestre.

 É a escala de tempo utilizada para datar, por exemplo, a formação das cadeias montanhosas :Andes (América do Sul) ,Montanhas Rochosas (América do Norte), Alpes (Europa), Serra Madre (América Central), Atlas (Africa), Himalaia (Asia).


Mapa da cadeias montanhosas no mundo. Fonte:http://geogcatasendogenas.blogspot.com.br/
Escala geológica. Fonte:https://marcosbau.files.wordpress.com 


 O tempo histórico está relacionado às mudanças nas sociedades humanas. Tem como agentes os grupos humanos, os quais provocam as mudanças sociais, ao mesmo tempo em que são modificados por elas. Esse tempo revela e esclarece o processo pelo qual passou ou passa a realidade em estudo.
Escala histórica de 1490 a 1535. Fonte:http://4.bp.blogspot.com

 Tempo Cronológico: é aquele que pode ser contado, agrupado em dias, semanas, meses, anos, décadas, séculos e milênios. É o tempo registrado nos calendários.

Relógio de parede. Fonte:http://3.bp.blogspot.com/

 O tempo psicológico é o tempo que a pessoa assume interiormente; é o tempo filtrado pelas suas vivências subjectivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra.

Mulher cavalgando no relógio. Fonte:http://www.culturamix.com/
 Tempo meteorológico é o estado da atmosfera num determinado momento, que pode ser interpretado sob a percepção popular que podem considerar a atmosfera como quente ou fria, úmida ou seca, calma ou tempestuosa, limpa ou nublada. O tempo pode ser referir, geralmente, às mudanças cotidianas na temperatura e na precipitação, onde o clima é o termo empregado para se referir às condições atmosféricas médias ao longo de um período mais prolongado de tempo.

Definição do tempo meteorológico. Fonte:http://image.slidesharecdn.com/

 Ok! Mas qual é a melhor escala de tempo a se usar?

Dependerá de qual seja o seu foco de estudo. 

 Se queremos estudar o solo de determinada área. O mais indicado é o uso da escala de tempo geológica, para determinar os processos ocorridos na formação do solo (pedogênese).

 Entretanto se quisermos compreender o processo de formação de uma dada cultura, por exemplo o cultivo de milho no México. O ideal seria utilizar a escala de tempo histórica, pois assim, poderemos detalhar os processos sociais que levaram esse povo a cultivar o milho.

 Agora se o objetivo é saber a percepção de tempo do individuo. Por exemplo, num mesmo trajeto de viagem temos: um passageiro de ônibus público, num dia ensolarado como o que temos no Rio de Janeiro, e um passageiro de transporte privado. É bem possível que o passageiro do ônibus público pense que sua viagem foi mais "longa". Devido aos diversos "baques psicológicos" enfrentados no percurso: ônibus lotado, sem ar condicionado, barulhos e sons irritantes etc. Diferente do outro, ar condicionado, assento confortável, sem barulhos e sons irritantes etc. Para o segundo provavelmente a viagem parecerá mais rápida do que para o primeiro.

 Pessoal, esse tema é muito interessante, assim com também é importante. Como dicas de leitura sobre o tema abordado temos os artigos: "A importância do tempo geológico: desdobramentos culturais, educacionais e econômicos"; Noção de Espaço e Tempo em Geografia e o dossiê Breve Ensaio Sobre o Conceito de Tempo Histórico.

  O objetivo deste blog é suscitar o debate e enriquecer a discussão sobre a ciência geografia em seus diversos aspectos que se relaciona ao cotidiano. Participe enviando comentários e questionamentos.

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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

O "Efeito Dominó" Na Visão Geográfica.




Peças do jogo dominó. Fonte:https://unidosdomino.files.wordpress.com/2012/10/cropped-cropped-6998dominoes.jpg

   Você já colocou várias peças de dominó em pé, enfileiradas uma atrás da outra, e deu um peteleco na primeira delas?  O que aconteceu? As peças foram se esbarrando e, uma a uma, caiu. Não foi!?

 Esse movimento, conhecido como “efeito dominó”, pode se aplicar a muitas outras situações em que um determinado fato leva a uma série de consequências.


memória de José Dantrino - fonte: www.tudoparameninas.com.br


 Mas o que isso tem a ver com a ciência geográfica?
Esse é o assunto que discutiremos hoje no nosso blog!



 Você já parou para observar a natureza? Observe como as plantas e os bichos dependem sempre do ambiente ao seu redor e, se alguma coisa muda, é provável que muitas outras mudanças aconteçam em decorrência da primeira.


 Por exemplo: ao desmatarmos uma área, prejudicamos a vida de animais que vivem naquele habitat. Mas o "efeito dominó" pode ir ainda mais longe – você sabia que as consequências do desmatamento chegam até os oceanos?

 As matas ciliares são florestas, ou outros tipos de cobertura vegetal nativa, que ficam às margens de rios, igarapés, lagos, olhos d´água e represas. O nome “mata ciliar” vem do fato de serem tão importantes para a proteção de rios e lagos como são os cílios para nossos olhos. Agora imagine se as retirarmos. O que poderá acontecer?

  A ação das chuvas, dos ventos, do pisoteio dos animais fará com que o solo, que outrora era protegido pela mata ciliar, vá para dentro do rio. Aumentaria, assim, a carga sedimentar transportada pelo fluxo das águas. Como normalmente o rio termina o seu curso quando encontrar o mar. Já podemos imaginar o que pode acontecer.



  Essa carga extra de sedimentos deixará o mar mais turvo e com menos oxigênio, e reduzirá a produtividade de algas e corais, pois os mesmos necessitam da transparência da água para fazerem a fotossíntese.



Lama tóxica da barragem de  Mariana adentra o mar no estado do Espírito Santo - fonte: sociologiapolitica.com.br

 Imagine o prejuízo para os pescadores, para os esportes realizados no mar, como o surf, natação marítima, bodyboarding entre outros. Pense no turismo marítimo. Quem é que vai apreciar um mar de lama e um monte de algas, corais e peixes mortos!? 

A geografia tem o espaço geográfico (cenário das imaginações e realizações feitas pelas sociedades em interação com a natureza - meio ambiente-) como campo de estudo e pesquisa. Portanto tudo que envolver a interação entre a sociedade e a natureza, e os efeitos resultantes dessa relação, são de interesse da ciência geografia.

A ideia "efeito dominó" vem a somar com os conceitos geográficos de conectividade e redes. Temas que estudaremos em postagens futuras. Entretanto veremos a seguir um fato histórico analisado numa perspectiva geográfica que utiliza os conceitos mencionados.


                                           História da Crise de 29


dólar com imagem do presidente George Washington preocupado - conhecimentogeohistoria.blogspot.com


 Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-americana estava em pleno desenvolvimento. As indústrias dos EUA produziam e exportavam em grandes quantidades, principalmente, para os países europeus. 


Após a guerra o quadro não mudou, pois os países europeus estavam voltados para a reconstrução das indústrias e cidades, necessitando manter suas importações, principalmente dos EUA. A situação começou a mudar no final da década de 1920. Reconstruídas, as nações europeias diminuíram drasticamente a importação de produtos industrializados e agrícolas dos Estados Unidos. 

Causas da crise 

Com a diminuição das exportações para a Europa, as indústrias norte-americanas começaram a aumentar os estoques de produtos, pois já não conseguiam mais vender como antes. Grande parte destas empresas possuíam ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de norte-americanos tinham investimentos nestas ações. 

Efeitos da crise 

Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ações de muitas empresas, houve uma correria de investidores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi devastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em poucos dias. Pessoas muito ricas, passaram, da noite para o dia, para a classe pobre. O número de falências de empresas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos trabalhadores. 

A crise, também conhecida como “A Grande Depressão”, foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. Como nesta época, diversos países do mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espalhando por quase todos os continentes. 

Efeitos no Brasil 

A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro comprou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo positivo para a economia brasileira. Com a crise do café, muitos cafeicultores começaram a investir no setor industrial, alavancando a indústria brasileira. 

( este texto (em azul) foi retirado do site: http://www.suapesquisa.com/pesquisa/crise_1929./> acesso em: 23 de Dez. 2015.) 




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segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

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Nosso Objetivo e Missão.


A Cartografia para a Geografia e a representação do cotidiano.

Mapa medieval. Fonte:http://hypescience.com/wp-content/uploads/2013/09/sea-serpent-attacks-ship.jpg

A Cartografia é a ciência que trata dos estudos e operações tanto científicas e técnicas, quanto artísticas, relacionadas à elaboração e utilização das cartas (ou mapas) de acordo com determinados sistemas de projeção e uma determinada escala. 

O saber cartográfico e suas técnicas estão intensamente incorporados ao nosso cotidiano que às vezes nem nos damos conta que os utilizamos para diversos fins ao longo do dia. Quando assistimos ao jornal para saber com a moça do tempo se o dia será "de chuva ou sol"; quando recorremos aos sites de localização de endereços, ou o GPS do carro para descobrir a localização dum restaurante. Há ainda quem utilize esse sistema para localizar pessoas; ao fazer num pedaço de papel, rabiscos, pontos, setas e desenhos para mostrar a um amigo como chegar a um endereço, também  estamos utilizando noções de cartografia. Através desses exemplos, podemos observar que a cartografia não está restrita aos  atlas escolares utilizados nas aulas de geografia do colégio.


Mapa babilônico Ga-Sur - fonte:iadrn.blogspot.com

 O Mapa não é vazio de ideologias. Ele sempre traz embutido uma concepção de mundo, um ponto de vista, a opinião de quem o fez. Nas palavras do geografo Fernand Joly:  Autores como Erwin Raisz (Raisz, 1969), indicam 

que a história dos mapas é tão antiga como a própria história da humanidade, sendo que essa forma de representação gráfica é, até mesmo, anterior ao surgimento da própria linguagem escrita. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o mapa mais antigo já encontrado tem mais de 4.500 anos. Ele teria sido feito pelos povos babilônicos por volta do ano 2.500 a.C. Confeccionado sobre uma placa de argila cozida. Os mapas tiveram diversas funções ao longo da história da humanidade. Para os habitantes primitivos das Ilhas Marshall (Ilhas Marshall é um país da Oceania formado por mais de mil ilhas no Oceano Pacífico. Os atóis de Bikini e Eneuetak foram palco de testes nucleares estadunidenses, fato que fez das Ilhas Marshall a região de maior contaminação radioativa do mundo. -Descrição tirada do site Brasil escola) os mapas tinham como principal função orientar na navegação; os Astecas o utilizavam na representação de acontecimentos históricos; No antigo Egito os mapas eram utilizados para a demarcação e a taxação das terras; Na antiga China os mapas eram utilizados como forma de controle do poder imperial.


Ásia, Europa e América do Norte no quadrante sul do mapa - fonte:blogdoenem.com.br


"... o mapa não é neutro. Ele transmite uma certa visão do planeta, inscreve-se num certo sistema de conhecimento e propõe uma certa imagem do mundo ..."

É importante entender que os mapas  são envolvidos pelo contexto social e político dos indivíduos que o constroem. Assim como as suas interpretações. 

 A geografia utiliza a cartografia como instrumento para o estudo e a descrição da distribuição dos fenômenos geográficos. Os geógrafos se utilizam das técnicas aerofotogramétricas, do sensoriamento remoto, da informática, etc. O domínio da técnica de construção e utilização dos documentos cartográficos é muito importante como meio de expressão da cientificidade geográfica. Permitindo um melhor estudo e compreensão do espaço geográfico.

As dicas de leitura para quem quiser se aprofundar mais nesse tema são: A dissertação de mestrado do professor mestre  Lindon Fonseca Matias, " POR UMA CARTOGRAFIA GEOGRÁFICA - UMA ANÁLISE DA REPRESENTAÇÃO GRÁFICA NA GEOGRAFIA "; e a apostila: NOÇÕES BÁSICAS DE CARTOGRAFIA confeccionada pelo IBGE.


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sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

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quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Que tipo de aula é a sua? O ensino geográfico em sala de aula.


 estudante estressado - fonte:www.renatoalves.com.br
 Como ensinar geografia sem cair nos lugares comuns das "decorebas" de nomes de países, capitais, fatos históricos etc?



Ainda me lembro das aulas de geografia no ensino fundamental II em escola pública.




Seu madruga dando aula. 

- Professora entra em sala com um livro grosso em mãos, alunos apreensivos.

- Se põe em frente ao quadro negro e começa a escrever: matéria de prova. Rio São Francisco e todos os seus afluentes tanto da margem esquerda quanto da direita, Alunos em pânico total!!



Vale a pena lembrar que o "velho Chico" passa por Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, e é alimentado por 168 afluentes!!


Será que você conseguiria adivinhar o que caiu na prova?

Bingo!!

Por quais estados passa o rio São Francisco? Cite oito afluentes do "Velho Chico" sendo quatro da margem direita e outros quatro da esquerda. 

Caso lamentável, mas essa metodologia de ensino ainda é muito presente no nosso sistema de ensino público e privado.

Reflexão - fonte:pt.slideshare.net


Para que o ensino seja efetivado sem  recair nos lugares comuns da "decoreba", onde o aluno não compreende o que está sendo ensinado, e para passar de ano tenta decorar o conteúdo. É preciso uma reavaliação das práticas e metodologias pedagógicas utilizadas pelos profissionais da educação. Se faz necessário investir em práticas inovadoras, objetivas, criativas e que valorizem o trabalho coletivo. Contudo, para que essa prática pedagógica seja de fato transformadora e efetiva, é indispensável que o professor reflita sobre os seus princípios, concepções e valores como ser humano. E responda para si mesmo: Como vejo meu aluno? como me posiciono diante das experiências que a vida lhe proporciona? O que penso do papel e da posição que ele ocupa no mundo? Qual o significado do conteúdo que apresento para ele? Como conciliar o que vou ensinar com o que o aluno já sabe ou venha a aprender? Educar para transformação, para o consumismo ou para a autonomia de pensamento e atitudes?

 O aluno ao entra na escola traz consigo conhecimentos prévios formados por suas experiências diárias junto a seus familiares e amigos, ou ainda através do seu contato com os meios de comunicação como a televisão, rádio, internet e outros. Tais conceitos nem sempre expressam a realidade, podendo ser uma opinião sobre o assunto.

 O professor precisar se utilizar desse conhecimento prévio do aluno, para assim, facilitar a compreensão das exposições teóricas de conteúdos; incentivar a participação ativa dos alunos em sala de aula e a socialização de experiências e ideias em aula; construir o que Paulo Freire chama de ambiente de dialogicidade, onde o aluno é livre para agir e refletir sobre a ação pedagógica realizada.

resumo - fonte:slideplayer.com.br
Cavalcanti (2005)com base em Vygotsky,  propõe um ensino de geografia que considere a internalização dos conteúdos como um processo de reconstrução interna, intrassubjetiva, de uma operação externa com objetos que o homem entra em interação. Com isso ela afirma que para se alcançar uma aprendizagem significativa, é preciso que o conteúdo que é interpessoal se torne intrapessoal. Propõem um ensino que faça relação com o cotidiano do aluno. 

aula em formato roda de cultura - fonte:www.escoladegente.org.br
A adaptação do ambiente escolar é importante, já que os alunos inicialmente sentem-se constrangidos em expressar suas ideias. Por isso, o professor deve conquistá-los deixando-os livres para se expressar e nunca lhe respondendo que sua participação ou ideia está errada (mesmo que esteja), pois isso pode inibi-los e ele não participará em outras ocasiões, como também inibirá seus colegas que não participarão com suas idéias por medo de errar.

O educador deve instigar o aluno a mostrar o que já sabe, procurando identificar o que ainda precisa saber. A avaliação da aprendizagem precisa ser um processo contínuo, diagnóstico, dialético, integrante e integrador das relações de ensino e aprendizagem. Onde o erro deve ser compreendido como diagnóstico para compreender e agir sobre o conhecimento, e desse ponto repensar metodologias, didáticas, atitudes e práticas pedagógicas. E o acerto, sinal de possibilidades de superação dos saberes apropriados para novos conhecimentos.

As dicas de leitura sobre o tema abordado são: O artigo publicado no congresso da Unimonte (Universidade Estadual de Montes Claros) pela professora Fernanda Cristina Rodrigues de Souza, RELAÇÃO ENTRE O ENSINO DA GEOGRAFIA E O COTIDIANO DOS ALUNOS DAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL DA ESCOLA ESTADUAL JOSÉ NATALINO BOAVENTURA LEITE, PIRAPORA (MG). e o Artigo da professora doutora Lana Souza Cavalcanti, COTIDIANO, MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA E FORMAÇÃO DE CONCEITOS: UMA CONTRIBUIÇÃO DE VYGOTSKY AO ENSINO DE GEOGRAFIA.




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