Segundo o senso comum, paisagem é a porção visível do espaço, assim como as suas representações, em fotografias, pinturas, filmes etc. No entanto, para a ciência geográfica, esse conceito é mais amplo e complexo. A paisagem é entendida como o reflexo da organização espacial em uma determinada escala de tempo.
Observe as paisagens representadas pelas figuras abaixo:
Figura 3 Praia de Copacabana, Rio
de Janeiro, em 1950. Fonte:http://www.fotoblogrio.com/wp-content/uploads/2011/02/ATT000221717.jpg
Figura 4 Praia de Copacabana, Rio
de janeiro, em 2015. Fonte :https://www.google.com.br/maps/@-22.9716705,
43.1841537,3a,75y,230.4h,93.32t/data=!3m6!1e1!3m4!1swq4VS8_iM5o3UwnstuvK0w!2e0!7i13312!8i6656
Você observou como a paisagem se transformou entre uma data e a outra?
Para perceber a paisagem, não usamos apenas a visão, mas todos os cinco sentidos, a saber, visão, audição, olfato, tato e paladar. Eles nos auxiliam a identificar os elementos formadores da paisagem geográfica.
Elementos formadores da paisagem geográfica
Ao olharmos novamente para as figuras anteriores veremos que elas apresentam elementos de ordem natural, ou seja, não foram construídos pela humanidade, o ar, o mar, a pressão atmosférica o calor do sol etc., e elementos de ordem cultural, isto é, foram produzidos e/ou modificados pelo trabalho humano, os veículos, os edifícios, a calçada, as leis de trânsito etc. É a organização, relação e dinâmica desses elementos no espaço que classificará a paisagem em natural ou cultural, e essa última, em rural ou urbana.
“o
domínio do visível – a expressão visível de um espaço -, o domínio do aparente,
de tudo que nossa visão alcança; o domínio do que é vivido diretamente com
nosso corpo, com nossos sentidos – visão, audição, tato, olfato, paladar; ou
seja, trata-se da dimensão das formas que expressam o movimento da sociedade. A
observação e a compreensão dessas formas servem para dar caminhos de análises
do espaço [...] Pela observação dos objetos da paisagem – observação que
subjetiva e seletiva -, percebem-se as ações sociais, as testemunhas de ações
passadas, de distintos tempos”. Apud
Oliveira et al., 2001 (CAVALCANTI, 2008, p. 51-52).
Paisagem natural
É a paisagem que mantém preservada a sua estrutura original sem nenhuma interferência humana. Por exemplo, as grandes geleiras da Antártida. Contudo, esse conceito é questionável, pois, atualmente, os ambientes que não sofrem a ação direta do homem, são atingidos pelas ações indiretas, tais como a poluição do ar através da queima do carbono que colabora no aumento do efeito estufa.
Paisagem cultural
É a paisagem natural modificada pela ação antrópica(humana). Dizendo de outra maneira, é a paisagem que expressa às atividades humanas. Os grandes centros urbanos são exemplos da atuação do trabalho humano no meio natural em favor de seus interesses. A paisagem Cultural, também chamada de “antrópica” pode ser classificada em duas categorias, a saber, paisagem cultural urbana e paisagem cultural rural.
Figura 4 Centro comercial. Exemplo de
paisagem cultural. Fonte:
http://perlbal.hi-pi.com/blog-images/778802/gd/130227687162/Paisagens-Culturais.jpg
Chamamos de paisagem cultural urbana aquela que tem como característica principal o estilo de vida acelerado, voltado para o consumo e comercialização. Apresenta estruturas que dão suportes a esse estilo de vida. Podemos citar como exemplos, os grandes centros comerciais, as avenidas, as ruas asfaltadas, os edifícios comerciais, os prédios residenciais, etc., Também está associada à forma de produção dos setores secundários (indústrias) e terciários (bancos, comércio, escolas etc.).
A Paisagem cultural rural tem como característica um estilo de vida voltado para a produção no setor primário (extração, ou produção de matéria prima), principalmente, para as atividades agropecuárias. Por haver essa dependência direta dos elementos da natureza para economia, a vegetação e os animais são predominância nessa paisagem. Além disso, essa característica se reflete na estrutura e forma das residências, fazendas, sítios etc., e também reflete nas leis trabalhistas rurais.
Entender o espaço geográfico e a paisagem geográfica é ter “em mãos poderosas ferramentas” para compreender o grau de intensidade que há na relação entre a natureza e a sociedade e suas tecnologias. É também, desvendar como os elementos foram se integrando e se relacionando ao longo do tempo, no qual a sociedade faz uso de acordo com o poder econômico ou de acordo com a sua cultura para transformar os elementos naturais em sociais; Cria em nós uma consciência cidadã, pois passamos a nos ver como parte integrante do todo; Refletimos mais e melhor sobre a nossa ação no espaço geográfico.
Estudar geografia é sempre muito prazeroso, divertido e interessante, porque podemos compreender mais afundo o nosso “lar”, o espaço geográfico.
Referências bibliográficas
CAVALCANTI, Lana de Sousa. Geografia, Escola e Construção de Conhecimento. 10ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2007.
CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço geográfico: algumas considerações. In: SANTOS, Milton (Org.). Novos rumos da Geografia brasileira. São Paulo: Hucitec, 1982.
Oliveira, et al. O Conceito de Paisagem na Construção do Conhecimento Geográfico. In: Associação dos Geógrafos Brasileiros, 14. Porto Alegre, 2010. Anais XIV Encontro Nacional dos Geógrafos. Crise, práxis e autonomia: espaço de resistência e de esperanças espaço de Diálogos e Práticas. Porto Alegre: AGB, de 25 a 31 de julho de 2010. p. 01- 09. PDF.
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